Em 1980, um sonho começou! Começou um projeto inovador no nosso concelho.
Certo dia, um senhor acordou com o âmbito de fazer desenvolver a aldeia de Fontelonga. Começou por organizar um espaço, onde pudesse juntar todos os jovens da aldeia com o intuito de trocar experiências e aprendizagens diferentes. Tudo isto, para promover uma ocupação aos jovens e juntos caminharem numa missão: a partilha.
A abertura do Salão Paroquial foi um sucesso, sendo necessário mencionar que todo este projeto iniciou na altura com 10.000 escudos, equivalente nos dias de hoje a 50€. O projeto teve início com a aquisição de uma casa na aldeia, no entanto, o montante não era suficiente. Para dar início à obra, houve necessidade em solicitar a colaboração do povo, reunindo as pessoas da aldeia, que demonstrassem iniciativa em ajudar a crescer este projeto.
Os tempos eram outros, a interajuda entre o povo era mútua, e logo se obteve a disponibilidade de muitos; reuniram-se em casa de familiares para produzirem trabalhos manuais, que eram vendidos pelas aldeias, ao mesmo tempo que o Sr. Padre Fernando confessava o povo. O povo elaborou diferentes trabalhos, como toalhas de linho, almanaques, pins, peças decorativas, bordados, entre outros.
O trabalho era diversificado, enquanto alguns vendiam os trabalhos manuais, outros cortavam pinheiros para se usarem como escoras na Instituição. É de salientar que todo este trabalho não era remunerado, era voluntário.
Com tanto empenho, foi rápido que alcançaram os seus objetivos e, como tal, começaram por comprar material que incentivasse os jovens a frequentar o Salão Paroquial. Como primeira aquisição, adquiriram a 1ª televisão da aldeia, bem como os 1ºs matraquilhos.
Com as novas instalações do Salão Paroquial, os jovens apareciam cada vez mais. O Sr. Padre Fernando, ao deparar-se com tantos jovens, começou por criar um grupo de bombos, maracas e teatro, para proporcionar o convívio entre os jovens.
O sucesso era visível, entre o povo humilde e trabalhador da aldeia. Como tal, "foram mais além"... Criaram uma Escola de Formação, compraram a 1ª máquina de tricotar malhas, inexistente no concelho. Formaram duas pessoas nessa área, saindo assim as primeiras malhas para todo o concelho, sendo estas duas pessoas voluntárias. As lãs vinham de um armazém do Porto, para aproveitarem os descontos das mesmas, ajudando desta forma a instituição a crescer, pois as encomendas eram muitas.
Para além delas, mais duas senhoras trabalhavam na costura e nos bordados, ensinando muita gente, trabalhando para angariar algum dinheiro, sendo que estas foram as primeiras pessoas remuneradas na instituição.
Algum dinheiro foi conseguido pela população que visitava este projeto inovador e deixava o seu donativo como 10 escudos, 20 escudos, sendo um dos maiores donativos de 50 escudos.
Com o dinheiro angariado, o Sr. Pe. Fernando, em 1982, começou por abrir as portas às pessoas mais idosas da aldeia. Abriu um Centro de Dia, inexistente também no nosso concelho. Este mesmo espaço não servia refeições, pois infelizmente o dinheiro não dava para tudo, mas a verdade é que o Centro de Dia era frequentado por muitas pessoas da aldeia.
A veia de sucesso estava no auge. O Pe. Fernando, em 1983, começou por fazer mais obras e continuou com mais um projeto: o Infantário — o 1º do nosso concelho. Não será preciso dizer que se obteve ainda um maior sucesso: só para perceberem, inscreveram-se 32 crianças no ativo diariamente, onde o próprio sonhador era educador das crianças enquanto não se arranjou uma educadora.
As refeições começaram por surgir num espaço que se criou nesta Instituição, para servirem o Infantário e o Centro de Dia. Pela escola primária da aldeia foi pedido um espaço onde as crianças pudessem almoçar, sendo este pedido cedido pelo Padre Fernando, vindo os alunos almoçar todos os dias ao refeitório da mesma, sendo o almoço confeccionado na Instituição mas a cargo da cantina escolar, confecionado por uma auxiliar da escola.
O Sr. Pe. Fernando trabalhava nesta Instituição, bem como os voluntários e funcionários arduamente, pois em 1985 abre as portas para o Lar com 10 camas, onde os idosos e as pessoas com mais necessidades podiam permanecer dia e noite.
Foi a primeira Instituição a abrir portas do nosso concelho. As verbas eram muito baixas e as exigências já eram muitas, houve necessidade de contratar uma Diretora Técnica, uma Educadora, Colaboradora e as despesas eram cada vez maiores.
A partir desse ano, tudo começou por ficar mais fácil. Surgiram os apoios da Segurança Social — não eram muitos, mas sempre dava para ajudar. É de lembrar que, quando foi a inauguração, doaram 8.000 escudos (40€). O aquecimento foi oferecido pelo Dr. Adão, e as instalações da Instituição por um habitante da Fontelonga.
Após a inauguração da Instituição, iniciam com 3 valências que ainda hoje permanecem: Serviço de Apoio Domiciliário, Centro de Dia e Estrutura Residencial para Pessoas Idosas. Com o passar dos tempos conseguiu-se mais uma valência: o ATL para crianças, onde era frequentado por jovens do concelho de Carrazeda de Ansiães.
Com o passar dos anos e com as várias ofertas de serviços no concelho, em 2014 a Instituição foi obrigada a fechar as portas do Infantário e do ATL, pois não se conseguia conciliar todo este serviço, os custos já eram um pouco elevados. No entanto, no ano de encerramento ainda permaneciam 10 crianças a frequentar o Infantário.
“Não somos uma casa rica, mas somos uma rica casa cheia de amor.”